
A Autoridade de Proteção de Dados da Irlanda, que representa a União Europeia em questões regulatórias, anunciou nesta sexta-feira (11) a abertura de uma investigação formal contra a rede social X, anteriormente conhecida como Twitter, do bilionário Elon Musk. O foco da apuração é o possível uso de dados pessoais de usuários europeus para treinar modelos de inteligência artificial, como a ferramenta Grok.
Segundo um comunicado oficial, a investigação examina o uso de “dados pessoais incluídos em publicações de acesso público feitas por usuários da plataforma X” localizados na União Europeia e no Espaço Econômico Europeu. A autoridade busca avaliar se a empresa está atuando em conformidade com o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), especialmente no que diz respeito à legalidade e à transparência no tratamento dessas informações.
A apuração ocorre meses depois de a X ter se comprometido a não utilizar determinados dados pessoais de usuários europeus para treinar suas IAs.

Em setembro de 2024, a empresa havia sinalizado o fim de um procedimento judicial aberto no Tribunal Superior da Irlanda, ao prometer não usar os dados coletados entre 7 de maio e 1º de agosto daquele ano. No entanto, o desenvolvimento de novos modelos continuou após esse período, o que motivou o novo inquérito.
A autoridade irlandesa tem jurisdição sobre a X e outras gigantes da tecnologia instaladas na Irlanda, como Meta e Google, e atua como representante da União Europeia para fins regulatórios.
O caso se insere em um contexto mais amplo de tensão entre a UE e empresas de tecnologia dos Estados Unidos.
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já ameaçou impor tarifas caso as big techs não cumpram as normas europeias de privacidade e proteção de dados.
Se a investigação apontar irregularidades, a X poderá enfrentar multas e sanções legais, além de novos embargos no uso de dados públicos para alimentar seus sistemas de inteligência artificial.